MEC virou piada de português

O Enem, pelo visto, faz questão de ser motivo para as maiores trapalhadas do governo federal. Não bastasse a sucessão de fraudes, vazamentos e denúncias, o famigerado Exame Nacional do Ensino Médio resolveu dar nota máxima para redações com erros grosseiros de ortografia — ou "letramento", como preferem os sacerdotes alojados no MEC.
Reportagem de O Globo nos mostrou que, em 30 textos enviados por candidatos que atingiram o limite de pontuação na prova de 2012, pululavam falhas graves de concordância verbal, acentuação, pontuação e grafia, como "rasoavel”, “enchergar” e “trousse”. Obviamente, ninguém deveria ser reprovado por esses deslizes, grosseiros ou não. Mas ser premiado com louvor já é um absoluto esculacho.
Essa flexibilidade, tolerância ou negligência com a forma culta está tomando proporções preocupantes, para não dizer irresponsáveis. É uma ideologia linguística que surgiu na academia, tomou de assalto os livros didáticos e agora pretende se apoderar do INEP, instituto responsável pelo Exame.
Em um País que tem um sistema educacional reprovado em todos os níveis nas avaliações internacionais a que se submete, aceitar esse relativismo gramatical é mais que uma confissão de falência: é um genocídio cultural patrocinado pelo Estado.
O que é aceitável e natural no aprendizado de uma criança (trocar letras, engolir raciocínios, desconhecer normas) passou a ser tolerado em adolescentes e adultos que já deveriam dominar as regras básicas — tivéssemos nós escolas e professores em condições de oferecer uma educação de qualidade.
Os sábios que defendem a precarização do vernáculo costumam adotar uma retórica bem violenta. Quem se opõe a essa infantilização do ensino médio (e superior, aguardem) é taxado de elitista e preconceituoso. Podem me incluir nessa lista, então. Melhor que ser ignorante e vítima desses talibãs que aceitam jovens escrevendo nas trevas.
O PT desistiu das reformas agrária, trabalhista, tributária, política e previdenciária. Recentemente, mandou às favas até os direitos humanos. Só não abriu mão dessa trágica reforma ortográfica que, com o perdão do trocadilho, é uma piada... de português.
 
http://vereadoralexandredealmeidacuitegi.blogspot.com.br
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segunda-feira, 18 de março de 2013

MEC virou piada de português

O Enem, pelo visto, faz questão de ser motivo para as maiores trapalhadas do governo federal. Não bastasse a sucessão de fraudes, vazamentos e denúncias, o famigerado Exame Nacional do Ensino Médio resolveu dar nota máxima para redações com erros grosseiros de ortografia — ou "letramento", como preferem os sacerdotes alojados no MEC.
Reportagem de O Globo nos mostrou que, em 30 textos enviados por candidatos que atingiram o limite de pontuação na prova de 2012, pululavam falhas graves de concordância verbal, acentuação, pontuação e grafia, como "rasoavel”, “enchergar” e “trousse”. Obviamente, ninguém deveria ser reprovado por esses deslizes, grosseiros ou não. Mas ser premiado com louvor já é um absoluto esculacho.
Essa flexibilidade, tolerância ou negligência com a forma culta está tomando proporções preocupantes, para não dizer irresponsáveis. É uma ideologia linguística que surgiu na academia, tomou de assalto os livros didáticos e agora pretende se apoderar do INEP, instituto responsável pelo Exame.
Em um País que tem um sistema educacional reprovado em todos os níveis nas avaliações internacionais a que se submete, aceitar esse relativismo gramatical é mais que uma confissão de falência: é um genocídio cultural patrocinado pelo Estado.
O que é aceitável e natural no aprendizado de uma criança (trocar letras, engolir raciocínios, desconhecer normas) passou a ser tolerado em adolescentes e adultos que já deveriam dominar as regras básicas — tivéssemos nós escolas e professores em condições de oferecer uma educação de qualidade.
Os sábios que defendem a precarização do vernáculo costumam adotar uma retórica bem violenta. Quem se opõe a essa infantilização do ensino médio (e superior, aguardem) é taxado de elitista e preconceituoso. Podem me incluir nessa lista, então. Melhor que ser ignorante e vítima desses talibãs que aceitam jovens escrevendo nas trevas.
O PT desistiu das reformas agrária, trabalhista, tributária, política e previdenciária. Recentemente, mandou às favas até os direitos humanos. Só não abriu mão dessa trágica reforma ortográfica que, com o perdão do trocadilho, é uma piada... de português.
 
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